segunda-feira, 6 de junho de 2011

NUTRIÇÃO X SAÚDE

Gordura trans nos alimentos e seu efeito na doença cardiovascular


Autor: Danielle Domingues Meira
A gordura trans é um tipo de ácido graxo formado a partir de ácidos graxos insaturados. O processo de formação dessa gordura ocorre pela hidrogenação natural ou industrial. Na hidrogenação natural, a gordura trans é produzida por ação de bactérias no estômago dos ruminantes. Na industrial, pela transformação de moléculas duplas de gordura em simples por adição de moléculas de hidrogênio. Esses hidrogênios adicionados ficam em lados opostos, o que torna sua configuração semelhante à dos ácidos graxos saturados (BERTOLINO et al, 2006; MARTIN; MATSHUSHITA; SOUZA, 2004; SCHERR; RIBEIRO, 2008). Por conta disso, o consumo de gordura trans tem sido relacionado com a elevação dos colesterois total e LDL, assim como os ácidos graxos saturados, porém com um diferencial, a trans ainda reduz o colesterol HDL, resultando no aumento da relação LDL/HDL. Assim, pode-se considerar a gordura trans uma importante causadora de doenças cardiovasculares (BERTOLINO et al, 2006; SCHERR; RIBEIRO, 2008). Estudos estimam que o efeito da gordura trans na razão LDL/HDL seja aproximadamente o dobro do esperado na gordura saturada (BERTOLINO et al, 2006; SEMMA, 2002).  No entanto, estudos relatam que a gordura trans proveniente de animais não ocasiona grandes problemas para a saúde pública, talvez pela ingestão de quantidades pequenas ou por diferenças biológicas quando comparadas às produzidas industrialmente (SCHERR; RIBEIRO, 2008).

Nas indústrias de alimentos existe uma preferência por esse tipo de gordura devido ao maior prazo de validade, pela estabilidade durante a fritura e por melhorar a palatabilidade dos alimentos em comparação com outros tipos de gordura (BERTOLINO et al, 2006; SCHERR; RIBEIRO, 2008). As fontes alimentares ricas em gordura trans são: gorduras vegetais hidrogenadas, margarinas sólidas ou cremosas, sorvetes, biscoitos e bolachas, pães, frituras comerciais (batata, pastéis..), massas folhadas, barras achocolatadas, sopas enlatadas, cobertura de açúcar cristalizado, pipoca de microondas, bolos, maionese, tortas, massas ou qualquer outro alimento que contenha gordura vegetal hidrogenada entre seus ingredientes (BERTOLINO et al, 2006). Vale ressaltar que os alimentos contendo gordura parcialmente hidrogenada contribuem com cerca de 80% a 90% da ingestão diária de gordura trans, enquanto que os alimentos provenientes de animais ruminantes contribuem aproximadamente em torno de 2% a 8% (MARTIN; MATSHUSHITA; SOUZA, 2004).

Estudos revelam a associação entre ingestão aumentada de gordura trans e doenças coronarianas, especificamente aterosclerose. A gordura trans eleva o colesterol e a lipoproteína de baixa densidade (LDL) e reduz a lipoproteína de alta densidade (HDL). Esse excesso de lipoproteína agride o endotélio vascular, iniciando a placa aterosclerótica. Com a disfunção endotelial, aumenta a permeabilidade da camada íntima às lipoproteínas plasmáticas, o que favorece sua retenção e oxidação. A oxidação produz moléculas de adesão leucocitária na superfície do endotélio, circunstância responsável pela atração de macrófagos para a parede arterial (SCHERR; RIBEIRO, 2008; SEMMA, 2002), provocando o agravamento da disfunção endotelial.

Outro aspecto abordado sobre a relação de gordura trans e níveis de LDL é a ação competitiva entre os ácidos graxos trans e os polinsaturados. Os trans interferem no metabolismo de ácidos graxos polinsaturados, bloqueando e inibindo a síntese dos ácidos graxos essenciais de cadeia longa (CHIARA, 2002; SEMMA, 2002), o que favorece o desenvolvimento de síndromes relacionadas ao baixo nível desses ácidos (MARTIN; MATSHUSHITA; SOUZA, 2004), como condições de obesidade, artrite, depressão, sistema imunológico frágil, dentre outras.

De acordo com estudos, o consumo adequado de gordura trans deveria ser de no máximo 10% do valor total de energia da dieta diária. Excelente alternativa para o controle de ingestão de alimentos contendo gordura trans seria a adoção de medidas de caráter informativo - informações completas de rotulagem dos produtos, e publicidade educativa - e o incentivo à produção de alimentos com baixos teores de gordura trans (CHIARA, 2002).

Referências Bibliográficas

1. BERTOLINO, C.N. et al. Influência do consumo alimentar de ácidos graxos trans  no perfil de lipídios séricos em nipo-brasileiros de Bauru, São Paulo, Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 02, n. 22, p. 357-364, 2006.
2. CHIARA, V. L. et al. Ácidos graxos trans: doenças cardiovasculares e saúde materno-infantil. Rev. Nutr., Campinas, v. 03, n.15, p. 341-349, 2002.
3. MARTIN, C. A.; MATSHUSHITA, M.; SOUZA, N.E. Ácidos graxos trans: implicações nutricionais e fontes na dieta. Rev. Nutr., Campinas, v. 03, n.17, p. 361-368, 2004.
4. SCHERR, C.; RIBEIRO, J. P. What the Cardiologist Should Know About Trans Fats. Arq Bras Cardiol, v. 01, n. 90, p. 04-06, 2008.
5. SEMMA, M. Trans fatty acids: properties, benefits and risks. Journal of Health Science, v.01, n. 48, p. 7-13, 2002.
Fonte: http://www.nutricaoemfoco.com.br

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